terça-feira, 13 de agosto de 2013

Praça Roger Patti - 5º ano B - 2013

 O que você gostaria de encontrar perto do seu trabalho ou da sua casa? Um espaço arborizado, com bancos, opções de lazer, mesas? Gostaria de descansar no seu tempo livre em um lugar assim?
         E se você tiver um cachorro? Gostaria de levá-lo para passear em um lugar apropriado? E se tiver filho, gostaria de levá-lo para brincar em uma praça?
         Nós, alunos do 5°B da Escola Viva, fomos conhecer uma praça chamada Roger Patti, que fica na Rua Alvorada, no bairro da Vila Olímpia, bem próxima à nossa escola.
         Descobrimos que a praça está abandonada, suja, com a grama alta e muito lixo. Não há bancos, iluminação, lixeiras, parquinho enfim, não há possibilidade de ser usada como espaço de lazer. A calçada está em más condições, não há uma faixa de pedestres para facilitar o acesso. Há um monumento e ele está pichado. Ao redor existe um ponto de táxi e uma parada de uma linha de ônibus.



Grama alta

Carroceiros: também querem melhorias para a praça.

 Monumento referente à canalização do Córrego Uberabinha.

         Quando chegamos lá, ficamos com uma sensação muito ruim ao ver um espaço público tão mal cuidado. Não dá vontade de ficar ali, apesar de a praça ter árvores lindas e algumas delas frutíferas.
         Visitamos outra praça, a Celso Fernandes de Lima, para ver se estava no mesmo estado que a Roger Parti. Descobrimos que ela estava em ótimas condições. Tinha parquinho, iluminação, bancos, jardim bem conservado, cata-caca, bicicletas do Itaú, orelhão, lixeiras, aparelhos de ginástica e havia muitas pessoas ali.
         Conversando com os moradores que estavam ali, descobrimos que antes a praça estava no mesmo estado em que aquela perto da nossa escola. Mas, os moradores se empenharam e conseguiram melhorias para o lugar. Acionaram a prefeitura e alguns cuidam até hoje do espaço, como um senhor que encontramos por lá cuidando do jardim.
         Isso nos incentivou a acreditar que é possível a mudança de um espaço público com o envolvimento de todos!
         Nós temos muitos desejos, como: bancos, mesas, lixeiras, cata-caca, iluminação, jardinagem, parquinho. Pensamos que também era importante conversar com os moradores e saber quais eram os seus desejos. Descobrimos que essa praça está assim há mais de 10 anos e que nunca foi reformada. Eles gostariam de usar aquele espaço como lazer, mas nas condições em que está, isso é impossível. Para isso, desejam bancos, iluminação, lixeiras, jardinagem e brinquedos. Querem uma melhoria no acesso (faixa de pedestres, lombada ou farol) e conserto da calçada. Lembraram que a praça fica ao lado de uma avenida movimentada (Avenida Bandeirantes) e pensaram que um guarda-corpo seria importante. 


Avenida Bandeirantes vista da Praça Roger Parti

Enfim, todos nós desejamos melhorias semelhantes para esse espaço!
Já nos mobilizamos e enviamos um pedido de reforma para a Prefeitura em 5/4/13, mas até hoje não tivemos retorno.
Percebemos então que precisamos da colaboração de toda a comunidade para realizarmos nossos desejos. E assim teremos aquele lugar agradável para descansarmos embaixo de uma árvore, brincar e relaxar nas horas de lazer. Uma real transformação de um espaço público e melhorar a nossa cidade. 


Árvores da praça

Podemos contar com você?

Porto e canais - 5º ano D - 2013

OS HISTÓRICOS CANAIS DE SANTOS


    Foi durante nossa viagem de estudo de meio que conhecemos os canais de Santos, além de ser uma das coisas mais importantes da cidade, os canais eram um dos focos de estudo do 5º D, mas foi só no último dia da viagem (13/06/2013), que pudemos explorar este local que já tem mais de cem anos de existência.
    A impressão que dá é de que nenhum morador da cidade de Santos sabe o nome do bairro onde mora. Afinal, para se localizar eles perguntam: fica em qual canal?
    A explicação para isto é simples, os principais bairros da cidade de Santos são “cortados” por canais.
    Mas como surgiram estes canais? Tudo aconteceu por causa das péssimas condições ambientais de Santos, na segunda metade do século XIX. A cidade tornava-se o “porto do café”, mas não estava preparada para isso: não tinha infraestrutura para aguentar o volume de exportação de café trazido pela estrada de ferro. Devido à quantidade de trabalho disponível, muitos imigrantes e brasileiros começaram a “superpopular” a cidade.
    Com isto, a cidade sofreu um “inchaço” populacional e tinha uma série de epidemias que matavam muito por causa da falta de higiene, da escassez de água e sistema inadequado de esgoto.

    Como Santos é uma cidade quente, úmida, chuvosa e plana, quando havia o encharcamento da planície, ela se  tornava o “paraíso” dos mosquitos da febre amarela, principalmente no verão.
    A solução foi à construção destes canais, que foram construídos por Saturnino de Brito, o objetivo era escoar a água da terra da cidade para o mar.
    Os canais foram construídos a partir das proximidades da divisa com a cidade de São Vicente.     Primeiro foi construído o Canal 1, e depois, paralelamente a este, à 1km de distância, o Canal 2, e assim por diante, até o Canal 7, inaugurado há pouco mais de 30 anos.



  Canal rua Rangel Pestana – inauguração

     Mas a obra não parou por ai, atualmente existem novos canais, veja na imagem abaixo a vista aérea dos canais e avenidas correspondentes.



    Ao contrário do que pensam a maioria dos turistas que frequentam as praias de Santos, os canais, não foram criados para jogar o esgoto da cidade no mar, e sim para drenar a água do solo encharcado de Santos.
    Para que fique claro, o esgoto da cidade, só é lançado ao mar, após tratamento pela SABESP[1], por meio do Emissário Submarino, também chamado de Píer pelos surfistas, que fica na praia do José Menino, próximo à divisa com São Vicente.
     A grande questão é que hoje, em pleno século XXI a população parece não dar o valor devido a estes canais, de maneira geral é possível encontrar muito lixo lá dentro, muitas vezes realmente chega a parecer um esgoto a céu aberto.
Alunos do 5º D


UM PORTO QUE NÃO PARA.
    Um dos locais mais importantes da cidade de Santos é com certeza o Porto, com o objetivo de estudar as Transformações do Espaço por meio da pergunta: Como foram e são organizadas as cidades? Os alunos do 5º ano da Escola Viva saíram de São Paulo entre os dias 11 e 13 de junho e exploraram este local que encanta, tanto por sua estrutura grandiosa, quanto pela quantidade de mercadorias que movimenta ao longo dos dias.
    O Porto de Santos foi fundado em 2 de fevereiro de 1892, neste momento quem administrava era a     Companhia Docas de Santos; sua localização era na área denominada até hoje de Valongo e sua extensão tinha 260 m de cais.
    Naquela época o primeiro navio que atracou no porto foi o inglês "Nasmith".

    De certa maneira, o Porto de Santos nasceu junto com a colonização do Brasil.
    Quando Braz Cubas veio para o Brasil na expedição colonizadora de Martin Afonso de Souza, em 1532 teve a ideia de transferir o porto da baía de Santos para o interior do canal, em águas protegidas do vento e das ondas, e também do ataque de piratas, que saqueavam com frequência os povoados do litoral brasileiro.
    No começo o Porto de Santos não era tão avançado como hoje. O trabalho era físico e a capacidade do porto ainda era pequena.
    Com a chegada do café em 1850, e sua expansão por todo o Planalto Paulista, foi necessária a construção da São Paulo Railway, em 1867, que ligava São Paulo a cidade de Santos.
    O café foi muito importante para Santos. O porto de Santos começou a comercializar pelo mundo todo o café e isso gerou dinheiro para a urbanização de Santos. Essa fase boa da cidade atraiu muitos imigrantes em busca de emprego.
    A cultura do café cresceu por todo o Planalto Paulista, atingindo inclusive algumas áreas da Baixada Santista e com isto veio a necessidade de ampliar e modernizar as instalações portuárias.

    Em 12 de julho de 1888, o grupo liderado por Cândido Gaffrée e Eduardo Guinle foi autorizado a construir e explorar, por 39 anos, depois ampliado para 90 anos, o Porto de Santos. Foi criada então a empresa Gaffrée, Guinle & Cia., com sede no Rio de Janeiro, mais tarde transformada em Empresa de Melhoramentos do Porto de Santos e, em seguida, em Companhia Docas de Santos.

 (Companhia Docas de Santos)

    O novo porto não parou mais de crescer, em nossa visita descobrimos que açúcar, café, laranja, algodão, adubo, carvão, trigo, sucos cítricos, soja, veículos, granéis líquidos diversos, em milhões de quilos, é o cotidiano do porto, que já movimentou mais 60 milhões de toneladas de cargas até hoje. O porto entrou em nova fase de exploração e muitas empresas estão arrendando algumas de suas instalações.

(Porto de Santos, vista do mar, foto tirada pelos alunos durante o Estudo de Meio)



[1] SABESP - Companhia de Saneamento Básico
do Estado de São Paulo.

Clubinho - 5º ano - 2013



Ocupação do espaço "Clubinho"

2013 em construção ...

Bertioga, São João Fort - 5º ano B - 2013

São João Fort

   The oldest fortress built in Brazil remains intact nowadays. It was built in 1532; the São João Fort is located in the “Tupiniquins” Park, a green area between the Enseada beach and Bertioga stream.



   Beforetime named as São Tiago Fort, the monument was built of wood to avoid and to defend the Indians, pirates and enemies attacks to the villages of São Vicente, Santos and São Paulo de Piratininga.



   The first major reform of the monument took place in 1547, after the victorious attack of the “Tupinambás” who burned the fort and destroyed “Buriquioca” town, or Monkey's residence as Bertioga was called in Tupi-Guarani language.

   From this fortress, the squad of Estácio de Sá departed to found the city of Rio de Janeiro in 1565.


   In 1699, the fortress got some characteristics and in 1765, it was renamed as São João Fort due to honor of the saint.
   It is also possible to combine culture, history and adventure in São João Fort, the representative building from the period of discovery of Brazil, and in Itatinga Village, the example of English architecture from the nineteenth century.


5º ano B


Monte Serrat - 5º ano B - 2013

Experiência sobe e desce
A diferente vida dos moradores que descem e sobem as escadarias do Monte Serrat
Alunos do 5°B

Imagine morar em um lugar que para comprar um pãozinho quente é preciso descer (e subir) mais de 400 degraus! Existe um lugar assim, o Monte Serrat, em Santos – SP.
            O Monte Serrat é um lugar em que moram muitas pessoas. Elas não têm dinheiro o suficiente para morar em um lugar com maior infra-estrutura e mais seguro em relação ao deslizamento de solo,  que já derrubou algumas casas. Lá é um lugar que, para subir o morro, não dá para ir de carro, apenas a pé, de moto (pelas escadas) ou de funicular (que é caro). Moradores nos contaram jeitos bem diferentes de como levam coisas grandes e pesadas para suas casas e o que fazem quando há uma emergência.

O FUNICULAR
Para subir no Monte, há um bonde funicular de 1867 por R$ 21,00 ou a pessoa sobe os 407 degraus. Lá no topo tinha um cassino, que as pessoas mais ricas da época frequentavam. Hoje é um mirante com uma vista excepcional da orla de Santos e o do Porto.
 
Subida do funicular

   Vista do mirante do Monte Serrat

Lá em cima também tem uma capela com uma santa chamada Nossa Senhora do Monte Serrat. Ela existe porque um dia os piratas invadiram a Vila de Santos e os moradores se refugiaram no topo do Monte Serrat e quando eles foram saquear o lugar, houve um deslizamento, que os assustou e eles foram embora de Santos.

            
                      Igreja Nossa Senhora de Monte Serrat                                          Vista da Igreja

Todo ano, no dia 8 de setembro, há uma procissão em homenagem para Nossa Senhora do Monte Serrat. Na descida das escadas, há diversas paradas em que as pessoas param para rezar durante essa homenagem.

Parada da procissão
ESCADARIAS
 A vida ali não é fácil. Os moradores tem que descer e subir todos os dias 407 degraus para fazer suas coisas. Segundo a moradora Simone, de 38 anos, “Para levar objetos pesados para casa, tenho que levá-los no ombro, na cabeça ou pago a outros moradores para levarem pra mim.” Já Vanilda, 40 anos, disse que leva os eletrodomésticos nas costas para sua casa e também disse que não há área de lazer por perto.
Lá não há opções de lazer como praças, trabalho ou outras coisas importantes para a vida das pessoas. Segundo Soraia, 40 anos, “não tem nada de hospitais, escolas etc.” Ela foi morar lá em cima porque o namorado vive ali. “Acho que é um bom lugar para visitar, mas não para morar”, continua.  Já Gabriela, de 18 anos, fala que não gosta de lá e só foi morar lá por causa do pai e que gostaria de morar num lugar que tivesse escola, hospital, rua e que seria um milagre ela conseguir sair dali.
Uma moradora relatou casos em que as pessoas se machucaram ou ficaram doentes e tiveram que descer todas as escadas para serem atendidos e que no posto mais próximo é muito difícil conseguir uma vaga.
Por uma falta de opção, algumas pessoas vão morar no Monte Serrat. Segundo Eloise, de 21 anos, ela foi obrigada a morar lá porque não tem dinheiro suficiente.  Ela também disse que quando juntar dinheiro sairá de lá. O deslizamento de terra é outro problema do Monte. Matheus, de 50 anos e morador do Monte há 20, disse que já se acostumou com as casas inclinadas no morro e contou que já viu várias casas caírem morro abaixo e pessoas morrerem.
Pode parecer uma contradição, mas há pessoas que gostam de morar lá, como Maria Geralda, de 57 anos. Isso porque ali, apesar das escadas,  ainda é uma opção melhor que outros lugares.
FONTE DO ITORORÓ
 “Eu fui no Itororó beber água e não achei (...)”
No final do Monte Serrat está a fonte do Itororó, onde antes as pessoas iam com seus baldes e bacias pegar água para fazer suas coisas em casa.


Visitar o Monte Serrat é uma boa experiência, com uma vista muito bela. Descer as escadarias é uma oportunidade de conhecer a vida das pessoas que vivem ali. Vale a pena ir!

Reserva Indígena - 5º Ano C - 2013


Antes da viagem ... conversamos e fizemos várias reflexões sobre o modo de vida dos índios e o que esperávamos encontrar na Reserva Indígena Guarani de Bertioga

Lugar
Imaginamos um lugar grande, chão de terra, muita vegetação. Achamos que é um lugar pouco urbano, com animais – aranhas, cobras, onças - e rios. Achamos que tem muitos insetos. Que é difícil de chegar e que chegaremos a pé, percorrendo uma trilha.

Moradias
Imaginamos encontrar diferentes tipos de moradias. Algumas de barro e palha e outras de tijolos. A maioria das casas é feitas de tijolos. Achamos que os índios importantes moram nas casas de tijolos e os outros na de barro.
Alguns alunos acham que os índios têm móveis em suas casas como sofás, camas, mesas e cadeiras e comem com talheres. Outros alunos acham que não, que eles dormem em redes e comem com as mãos.

Vestimentas
Achamos que usam roupas como as nossas e somente em festejos e rituais é que usam as roupas típicas – saias, cocares e enfeites na cabeça que eles fizeram ou de seus ancestrais - e pinturas corporais. Alguns acham que as crianças pequenas devem andar sem roupas no dia-a-dia, outros que andam também com roupas como as nossas.

Alimentação
Devem usar os temperos que eles mesmos plantam. Podem pescar e caçar todos os dias ou somente em ocasiões especiais – temos esta dúvida - ou compram comida no supermercado.
Achamos que as mulheres cozinham e os homens compram comida na cidade. Alguns pensam que homens e mulheres cozinham, depende de quem estiver com fome.
Comem: peixes, batatas, frutas, carnes, arroz, feijão, vegetais.
Depende da comida ou da situação, comem com talheres ou com as mãos - nos rituais.

Tecnologia
Achamos que eles já usam geladeira, fogão, micro-ondas, TV, telefone, celular e computador e até videogame, mas que não são objetos tão atuais – de última geração – quanto os nossos.
Achamos que tem água encanada e sistema de esgoto.
Porém, nem todos os índios têm tudo isso. Apenas o cacique e sua família e eles emprestam para quem precisa. As tecnologias básicas – fogão, geladeira, etc... todos têm.

Festejos, costumes e rituais
As crianças têm o costume de brincar de pular corda, correr, amarelinha, “futebol de índio”, peteca, bolinha de gude, fabricam bolinhas com o líquido da árvore – látex.
Devem comemorar rituais tradicionais como: homenagem aos mortos, casamentos, nascimentos e rituais de passagem: de criança para adolescente, de adolescente para adulto e assim por diante. Devem ter comemorações especiais, que fazem parte só da cultura deles, mas não sabemos quais são.
Páscoa, Natal e aniversários temos dúvidas. Uns acham que comemoram, outros acham que não. Teremos que perguntar.

Trabalho e Renda
Têm diferentes fontes de renda:

  • Vendem palmito na estrada;
  • Vendem artesanato para os turistas;
  • Vendem cana;
  • Vendem comidas típicas: mandioca, peixes que pescam;
    Alguns trabalham dando aulas.
    Achamos que nem todas as crianças vão para a escola. Que elas estudam em casa. Se o pai morre, o filho mais velho deve ser o “homem da casa” e não pode ir pra escola, para cuidar da família (tornando-se “pai” de seus irmãos).

    Transporte
    Andam de bicicleta ou a pé. Não devem ter carro, nem moto. Usam este transporte para ir aos pontos onde vendem seus produtos. Podem pegar ônibus ou caronas.
    Se vão levar o filho a algum lugar, usam banquinhos na bicicleta ou vão andando.
    Podem também usar skate como transporte, que eles mesmos fabricam com madeira. Só se for no asfalto (precisamos perguntar.).

    Escola
    Pesquisamos que existe uma escola dentro da própria reserva e que ela é bilíngue: ensina português e guarani. A escola é aberta e as salas de aula são chalés. As crianças começam a frequentar a escola com 4, 5 ou 6 anos.
    Quem dá aula na escola devem ser professores indígenas ou o pajé.
    Eles aprendem outras coisas, como a própria cultura e a tecnologia não é tão avançada como nas escolas de São Paulo. Deve ter lousa.


    Depois da viagem ...




     Índios Guarani: modos de ver e viver nos dias atuais
    Por alunos do 5º C

    Estivemos na aldeia indígena Guarani, chamada Reserva Rio Silveira, em Bertioga, e fomos recebidos pelo Cacique Adolfo, seu nome em português. Ele nos recebeu na entrada da escola e nos levou por uma trilha de terra. Paramos em frente a uma estufa onde eles plantam palmito, pau Brasil e outras plantas. Depois disso, continuamos a caminhada até a casa de reza, onde ele respondeu nossas perguntas e nos contou um pouco de seus costumes. Ao final, tivemos a honra de assistir a apresentação das crianças e jovens da Aldeia.
    No começo o clima estava tenso, pois o Cacique estava indignado com a disputa de terras entre indígenas e fazendeiros no Mato Grosso. Em Brasília, o parecer havia sido favorável aos fazendeiros, mesmo a terra sendo dos índios, segundo nos disse o Cacique.
    Uma das questões que o Cacique contou é que os não índios tratam os grupos indígenas como se fossem inferiores, ou menos capazes de participar desta discussão.

    Escola – entre a cultura branca e indígena


    A escola não tem muros nem grades e as salas de aula são redondas. Todas as crianças da aldeia vão à escola e estudam lá até o 5º ano. Depois vão para a escola Estadual, junto com toda a população, inclusive com crianças não índias.
    Sua opinião em relação à escola indígena é ambígua. Por um lado a escola é boa porque ensina português e guarani, dá acesso as diferentes tecnologias como internet e informática. Por outro lado, no entanto, é na escola que as crianças aprendem a comer comidas não saudáveis como macarrão, arroz e feijão, coca-cola e açúcar. Para o Cacique estas comidas não são consideradas saudáveis, pois eles comem alimentos vindos da terra como: mandioca, frutas, palmito, mel e, às vezes, quando caçam ou compram no supermercado – o que é raro, pois nem sempre têm dinheiro – comem carne ou peixe.
    Outra crítica do Cacique em relação à escola, é que é lá que as crianças guarani aprendem a comemorar as datas cristãs como: natal, páscoa, dia das crianças e aniversário. A cultura Guarani não comemora essas datas e o Cacique acha que essas comemorações são somente para que os não índios vendam seus produtos. As crianças pedem presentes para seus pais e o Cacique é contra tudo isso.

    Rituais

    Essa aldeia comemora dois rituais. Em janeiro é o do batismo, em que as crianças recebem seus nomes guarani. Em setembro é o ritual da renovação dos espíritos ou o ano-novo. Nesses rituais eles ficam fechados e cantam a noite inteira.
    Segundo o Cacique, o Pajé participa das comemorações e é uma figura muito importante para o grupo indígena. Ele cura doenças corporais e espirituais e tem o poder de tirar mau olhado e inveja. Cada pessoa tem seu lado bom e mau. Quando morre, a parte boa vai para Ianderutupã – o Deus deles – e a parte má fica na terra atormentando os vivos e dando mau olhado. Esses espíritos maus é que fazem as pessoas terem depressão e se suicidarem, na visão do Cacique. O pajé tem o poder de curar tudo isso.
    Para ser Pajé é preciso ter um dom. Não é algo que passe de geração em geração. Já para ser Cacique, atualmente, depende de uma eleição. É uma função política e quem quiser ser Cacique tem que ser responsável e saber administrar a aldeia e tem que estar disponível para resolver todos os problemas acordando no meio da noite, se for preciso. Além disso, o Cacique deve viajar para Brasília ou para onde houver conflitos envolvendo grupos indígenas.

    Apresentação dos meninos indígenas para os alunos da Escola Viva

    Não se recebe dinheiro para ser Cacique e o Cacique Adolfo está no comando há 18 anos, pois até o momento não apareceu ninguém apto para assumir a liderança política da aldeia guarani. Para se candidatar ao cargo, precisa ter mais de 21 anos e pode ser mulher.
    O Cacique tem a sua renda de outros trabalhos. Nesta aldeia, a renda das famílias vem de plantações próprias de frutas, palmito, mandioca, milho, pau Brasil, flores ornamentais e do artesanato. As famílias plantam o que conseguem e trocam entre si, pois dentro da Aldeia não circula dinheiro, tudo é trocado.
    Cacique Adolfo: há 18 anos
    na função
    Quando têm uma boa renda dessas vendas, eles compram carne no supermercado. Eles só caçam quando falta dinheiro, pois querem preservar a vida dos animais e querem que as novas gerações os conheçam. Quando precisam, caçam pacas, cotias, porcos do mato e tatus. O mais comum é usarem armadilhas, mas usam arco e flecha e sarabatana para caçar animais maiores. Uma técnica utilizada é colocar na ponta da flecha um pouco de veneno de sapo e então atirar nos animais.
    Uma gota do veneno deste sapo pode até matar 20 homens, segundo disse o monitor que nos acompanhou neste estudo.


    O índio e a saúde

    Atualmente, além das ervas  de cura dadas pelo Pajé, os índios também tomam vacinas e se consultam em postos de saúde. Lá recebem cuidados médicos e odontológicos e aprendem a escovar os dentes.

    Detalhe dos materiais usados na construção
    Moradia indígena











    Embora algumas casas sejam construídas com barro, madeira e palha, os agentes de saúde aconselham que os índios construam casas com tijolos, pois as de barro ficam úmidas quando chove e a umidade traz doenças e problemas de higiene entre as crianças. Algumas casas já são feitas de tijolos.



    Costumes e tradições

    Alguns padrões de pintura corporal

    Em dias muito frios e chuvosos, todos se reúnem na casa de reza e fazem uma fogueira para espantar o frio e cozinhar alimentos típicos. Eles também usam fogões a gás, mas não perderam a tradição de assar seus alimentos em fogueiras.
    Este grupo tem acesso a maioria das tecnologias que nós temos como celulares, internet, fogão a gás, geladeira e televisão. Há apenas uma televisão na aldeia, usada em ocasiões especiais.
    O cacique criticou a existência do dia do índio. Disse que essa data existe apenas para justificar a matança dos grupos indígenas feita pelos brancos e que dia do índio é todos os dias.
    O Cacique se ressente do fato de que alguns brancos contam histórias em que índios comem crianças, mas isto não é verdade. Os índios não são violentos, eles são guerreiros que atacam quando são atacados ou quando tem suas terras invadidas.
    Por fim, foi interessante perceber nesta visita que a terra tem uma grande importância para os grupos indígenas e que eles não pensam em utilizá-la com a lógica do branco. 

    Nossa despedida da Reserva Rio Silveira: mostrando que o encontro do índio com o branco pode ser pacífico e enriquecedor para a cultura de ambos